O cristão e o dinheiro (Série Mordomia Cristã – Parte 01)

O que é Mordomia?

Quando se fala de mordomia, muitas vezes, a primeira imagem que surge é a de um homem deitado no sofá, controle remoto em mãos, sendo servido. No entanto, essa visão distorcida confunde mordomia com preguiça, que se caracteriza por recusar o trabalho e ser ocioso.

O livro de Provérbios contrasta dois caminhos ou modos de vida: o da sabedoria e o da tolice. A pessoa preguiçosa é considerada tola, enquanto aquele que é diligente e trabalhador é sábio. A Bíblia nos ensina a sermos bons administradores do que pertence ao Senhor.

De acordo com o Dicionário Aurélio, “mordomo” é aquele que administra os bens de uma casa pertencente a outra pessoa. Assim, mordomia é o cargo ou ofício de mordomo: administrar ou governar algo que não é seu. Para os cristãos, isso significa cuidar da obra de Deus por meio da igreja. Deus chamou todos os cristãos para serem Seus mordomos na Terra. Como Paulo afirma, a mordomia não é uma opção, mas um chamado (1 Coríntios 9:17).


Mordomia na Prática: Exemplo da África

O pastor Luciano Subirá, da Comunidade Alcance, em Curitiba, compartilhou uma experiência marcante ao visitar o país de Gana, na África. Lá, os cristãos têm o hábito de ofertar em todas as reuniões, algo que despertou sua curiosidade. Ele questionou um líder local:

“No Brasil, ofertamos apenas nos cultos de domingo. Mesmo vivendo em um país de terceiro mundo, o Brasil está economicamente melhor que o de vocês. Como conseguem ofertar em todas as reuniões?”

A resposta revelou um entendimento profundo do princípio bíblico:

“Não se apresentará ninguém diante de mim com as mãos vazias” (Êxodo 23:15).

Eles ensinam ao povo que, mesmo com poucos recursos, é possível honrar a Deus. Por exemplo, alguém com cinco reais pode trocar o valor por cinco notas de um real e ofertar em cada reunião. Esse gesto, embora pequeno, carrega um grande significado. Assim como um buquê de flores entregue de uma só vez tem menos impacto emocional do que oferecer uma flor por dia, pequenas ações constantes demonstram um coração comprometido com Deus.


A Mordomia na Criação

Desde o início, Deus confiou ao ser humano a tarefa de ser mordomo da criação. Gênesis 1:16 revela o mandato divino para “dominar”, ou seja, exercer autoridade e responsabilidade sobre a criação, sem explorar ou prejudicar.

O salmista reforça essa ideia:

“Tu o fizeste dominar sobre as obras das suas mãos: sob os teus pés tudo puseste” (Salmo 8:6).

A mordomia nos lembra que há um único Criador, o verdadeiro proprietário de tudo:

“Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem” (Salmo 24:1).

Deus também estabeleceu limites, como a árvore do conhecimento do bem e do mal no Éden, para lembrar ao homem que Ele continua sendo o dono supremo.


Administração Pessoal e Finanças

A cultura brasileira, infelizmente, é marcada por uma relação problemática com o dinheiro. Muitos compram por impulso, sem planejamento, e acabam se endividando. Esse comportamento reflete má administração e falta de mordomia.

Por outro lado, a mordomia cristã ensina que devemos cuidar dos recursos confiados a nós com responsabilidade e propósito. Os discípulos de Jesus, conforme a parábola dos talentos, são chamados a prestar contas de sua administração, promovendo o Reino de Deus de maneira íntegra.


O Propósito da Oferta

A mordomia financeira não se trata do valor ofertado, mas da intenção por trás da oferta. Deus se importa mais com o propósito do que com a quantia:

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4:10).

Isso inclui:

  • Sustentar a igreja financeiramente (Atos 4:32-37);
  • Socorrer os pobres e necessitados (Mateus 25:31-46);
  • Promover o crescimento do Reino por meio da pregação do evangelho (Colossenses 1:24-28).

Seja pouco ou muito, o que temos deve ser usado para glorificar a Deus e cumprir Seus propósitos.


Conclusão

A mordomia cristã é mais do que um conceito; é um estilo de vida que reflete nossa fé e compromisso com Deus. Somos chamados a administrar os recursos d’Ele com sabedoria, responsabilidade e generosidade. Assim, glorificamos ao Senhor em tudo o que fazemos, sendo bons mordomos de Sua criação.

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